VII Conferência Internacional dos Estudantes Guineenses de Ciências Humanas tem mesa de abertura voltada para descolonização

A VII Conferência Internacional dos Estudantes Guineenses de Ciências Humanas na Unilab está ocorrendo entre 12 e 15 de agosto, na Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (Unilab), com o lema Desafios das Ciências Humanas na Guiné-Bissau: luta pela emancipação da colonialidade do saber e do poder.
Durante a mesa de abertura, a necessidade de descolonização foi afirmada pelos participantes: o pró-reitor de Relações Institucionais e Internacionais, professor Sabi Bandiri, representando o reitor da Unilab, Roque Albuquerque; o pró-reitor de Extensão, Arte e Cultura (Proex), Ricardo Ossagô; a diretora do Instituto de Humanidades (IH), Luma Andrade; o coordenador de Arte e Cultura da Proex, Nixon Araújo; e os estudantes Mamadú Jaló, membro da comissão organizadora do evento, e Venâncio Ié, da Associação dos Estudantes Guineenses na Unilab (Aegu).
Sabi Bandiri elogiou a longevidade do evento e citou o psiquiatra e filósofo martinicano Frantz Fanon. “Fanon diz que cada geração é convidada a conhecer sua missão e a cumpri-la ou trai-la. Estamos empenhados em cumpri-la”, afirmou, citando o fato de que, atualmente, os quadros de Guiné-Bissau já são em grande número formados na Unilab, no Brasil, em vez de formados na China ou Rússia, como acontecia há alguns anos.
Ricardo Ossagô também ressaltou a formação crítica que a Unilab confere aos estudantes e que continua repercutindo a partir dos egressos. “Alunos egressos iniciaram debates descoloniais na Unilab com a conferência e seguem com o debate mesmo após saírem. A Unilab hoje está em todos os estados da federação a partir desta formação que os egressos levam com eles, além de os guineenses serem maioria dos africanos na universidade”, afirmou.
Citando o filósofo Michel Foucault, a diretora do IH, Luma Andrade, afirmou que o poder é conquistado, não dado por alguém, e que é preciso descolonizar saberes e o poder. “Nós temos que pensar que temos poder, mas ninguém pode caminhar sozinho. Quem vai caminhar com você? A quem vai se aliar? Seja humano, com a capacidade de transformar o seu lugar. Cada um de vocês é Amílcar Cabral. O que vamos fazer para nós e o nosso próximo?”, questionou.
Reforçando a importância do agir coletivo, Nixon Araújo sublinhou o esforço conjunto para a realização do evento, que reúne diferentes vozes e perspectivas e tem o apoio da Proex, integrando o Projeto IndependênciaS. “(a conferência) reafirma a essência da nossa universidade: um espaço de integração, diálogo e construção coletiva do conhecimento. Que esta conferência seja mais um passo na consolidação das parcerias que sustentam o nosso trabalho e no fortalecimento do compromisso da Unilab com a transformação social. Que, juntos, possamos seguir construindo caminhos de emancipação, justiça e pertencimento”, disse.
Os estudantes Mamadú Jaló e Venâncio Ié destacaram a atuação comprometida com a descolonização dos egressos da Unilab em seu retorno à Guiné-Bissau e a importância de desconstruir preconceitos contra profissionais da área de Ciências Humanas.