Depoimentos de Egressos


Maria de Fátima Souza da Silveira

Brasil

Egressa do Bacharelado em Humanidades

Sou Fátima Silveira, nasci em Redenção-CE, e sou formada na primeira turma de Humanidades da Unilab. Atualmente estou cursando o doutorado no Departamento de Sociologia da Universidade de São Paulo, com período sanduíche no Departamento de História da Universidade de Harvard (com bolsa da CAPES). A Unilab e o BHU foram fundamentais na minha escolha pelo trabalho intelectual, pela educação e pela pesquisa, isso porque o curso sempre ultrapassou a ideia de que a formação universitária tem que ter como objetivo único a inserção de “profissionais” no mercado de trabalho cada vez mais precarizado pelo neoliberalismo. O curso buscava formar pesquisadores qualificados e sujeitos conscientes do mundo e da história. A Unilab é uma universidade popular e me garantiu não apenas o acesso, mas a permanência na universidade, e deve continuar garantindo aos seus estudantes das classes oprimidas esse direito conquistado após séculos de negação e negação. A Unilab nasce anticolonialista e antirracista, diversa e única, fruto da luta pela democratização do acesso à universidade e pela descolonização do pensamento, uma conquista do povo negro, indígena, pobre, portanto. Envio minha homenagem a Unilab e desejo que possamos comemorar sempre a sua existência. Parabéns pelos 10 anos de história.


Rolanda Domingos Mussane

Moçambique

Egressa do Curso de Enfermagem

Sou Rolanda Domingos Mussane, moçambicana e formada em Enfermagem pela UNILAB em Abril de 2019. Concluída a graduação eu retornei ao meu país (Moçambique) com o intuito de cumprir com aquilo que é um dos propósitos de criação da UNILAB: ‘acolher e formar estudantes dos países da CPLP de modo que ao final da graduação retornem aos seus países capacitados a dar um contributo no crescimento dos mesmos’ e na esperança de realizar o sonho de usar todo o conhecimento adquirido no Brasil/UNILAB para ver melhorado o sistema de saúde em Moçambique, como sempre deixei claro aos meus colegas e professores ao longo da graduação.

De volta a Moçambique, tive a oportunidade de atuar como Enfermeira da organização Médicos Sem Fronteiras (MSF), em uma região do meu país que desde 2017 é assolada por ataques armados que recentemente foram reconhecidos como sendo de carácter terrorista similar aos ataques perpetrados pelo conhecido grupo terrorista Al Shabab. Naquele ponto do país atuávamos prestando assistência médica à população deslocada principalmente, mas infelizmente a missão teve que ser encerrada quando a vila foi atacada em 23 de Março de 2020 (dia em que passamos exatas 15 horas debaixo de fogo armado) e por isso tive que regressar à capital do país, Maputo. Atuando junto a esta organização, senti-me sobremaneira realizada como profissional de Enfermagem apesar de não ter realizado funções assistenciais, por saber que aquela conquista se devia também à formação que recebi na UNILAB, que permitiu-me realizar com eficiência o meu trabalho (foi essa a avaliação que recebi da organização).

O Brasil, a UNILAB, por meio de todos os professores que me acompanharam ao longo da graduação deram um grande contributo não só na minha formação como profissional de Enfermagem, mas também como pessoa. A atenção, o carinho que recebi e as exigências dos professores (principalmente com os portfólios), ensinaram-me que para além da competência ou habilidade prática de um profissional de Enfermagem é necessário que coloquemos amor naquilo que fazemos e é isso que pretendo fazer onde quer que eu trabalhe. Além disso, sou grata pelo fato de essa experiência na UNILAB ter aberto os meus olhos para o vasto campo de atuação aberto para o profissional de Enfermagem, uma vez que o conceito que se tem principalmente aqui é de que o profissional de Enfermagem só pode atuar dentro do hospital, quando não é assim, e hoje eu sei que posso também atuar na pesquisa, na docência, na gestão entre outras áreas.

Outro amor que a UNILAB criou em mim além da pesquisa, é o amor pela docência e hoje eu desejo lecionar em cursos de Enfermagem para abrir mente dos estudantes de enfermagem e incentivá-los a fazer o seu trabalho com excelência.

Aos meus queridos professores, todos sem exceção, quero que saibam que se eu conseguir alcançar esse feito e ser docente na área de Enfermagem, em cada aula que eu lecionar, serão sempre minha inspiração, meu modelo de docência a seguir, seja dando amor com a intenção de motivar, assim como sendo exigente. À UNILAB, o meu MUITO OBRIGADA por tudo! E sobre os sonhos que nasceram dessa experiência na UNILAB, continuam vivos em mim, e quando realizá-los, compartilharei com vocês. Aos colegas brasileiros, continuem dando o melhor de vocês pelo vosso país (sei que muitos formandos da UNILAB têm tido êxito e se destacado nos lugares onde estão ou por onde passam).

Agora, um apelo aos colegas internacionais: eu sei que muitos se deslumbram com o Brasil e por tudo o que ele oferece, e isso não é ruim. O que quero dizer com isso é, aproveitem muito bem as oportunidades que o Brasil, a UNILAB vos concedem, mas em hipótese alguma esqueçam os seus países ou pensem em não mais voltar porque existe todo um sistema formado que tem dificuldades em receber mentes novas que podem fazer toda a diferença. Até porque não tem como vocês fazerem a diferença vivendo longe de uma realidade que vocês desconhecem ou não vivem nela. Lembrem-se do propósito da UNILAB ao trazê-los para o Brasil “formar vocês para que ao final voltem aos seus países e deem o melhor de vocês, contribuindo assim para o crescimento dos vossos países”. Não digo que as coisas serão fáceis quando voltarem, que todas as portas estarão abertas para vocês, entretanto, vocês estarão levando na bagagem uma experiência internacional que pode fazer toda a diferença em vossos países. Lembrem dos nossos heróis que saíram dos nossos países, tiveram oportunidades como estas que a UNILAB nos concedeu, chegando até mesmo a receber propostas de permanecerem no exterior, mas que ainda assim, preferiram abrir mão dessas propostas e voltar para lutar por sua independência. Isto lembra-me o poema de Agostinho Neto (escritor angolano) – Havemos de voltar! Voltem vocês também e usem o conhecimento adquirido no Brasil para ajudar os vossos países. BEM HAJA A UNILAB!”

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